sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Rato Zarolho

Dia 18 deste mês, no MacDronalds do Crolombo, o canguru Octávio coçou a bolsa e a cabeça enquanto olhava para os menus e lá pediu um hambúrguer de caldeirada, um copo grande de tinto da bairrada, batatas fritas e molho de escargot e cebola. Entregou uma nota de 5 e recebeu uma moeda de um cêntimo e um papel, com a conta descriminada, jogados para o tabuleiro. Esperou pela comida enquanto fumou um cigarro electrónico e observou quem esperava, quem pedia e quem trabalhava. Começou a pensar naquelas rotinas, na sua rotina, e apercebeu-se que o cheiro daquilo tudo não lhe agradava. O hipopótamo trouxe-lhe o que pediu, pousando no balcão e agradecendo. Reparando na pequena placa que este tinha na camisa - Margarida -, Octávio pegou no tabuleiro, agradeceu-lhe também, finalizando com o seu nome, fazendo com que ela olhasse para si, com ar surpreendido e agradado. Quase caiu depois de tropeçar na cauda de um tiranossaurus rex que ainda o ofendeu chamando-lhe "rato zarolho", que ignorou. Procurou um espaço numa mesa e sentou-se para comer, ao lado de uma tartaruga, um bacalhau e um peru, que nem olharam para ele, apesar de os ter cumprimentado. Colocou o guardanapo e as batatas de um lado, a caixa do hambúrguer ao meio, o copo do outro. Abriu a caixa, levantou a parte superior da coisa, espreitou para o que tinha dentro, perdeu o apetite, engoliu em seco, agarrou no copo, derrubou o resto para o chão, com estrondo, gritou "Puta de Lagartixa Mal-educada", o mais alto que pôde, levantou-se e saiu, com o copo na mão. Nesse dia, toda a bicharada olhou. Nesse dia, todos o viram. Foi a última vez.

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