Hospital. Ala de Cardiologia. Piso 8. Elevador avariado. Depois de subir pelas escadas, com os bofes completamente de fora, aguardo pela consulta, enquanto o meu coração, a cada rápido batimento, parece querer saltar para fora do meu peito. Ao fim de 2 ou 3 minutos, quando consigo, finalmente, analisar o que me rodeia, verifico que me encontro num espaço decorado de forma futurista, altamente minimalista, em branco, vermelho e azul. É como um corredor larguíssimo, todo pintado de branco, sem janelas, com gabinetes de ambos os lados, com portas de correr em azul, sofás, mesas e candeeiros de materiais plásticos brilhantes, em vermelho e azul. Sinto-me numa nave espacial ou algo assim estranho, e sinto que devia ter vindo vestido como o Mr. Spock. Imagino aquele espaço percorrido por figuras da “Guerra das Estrelas” ou da “Galáctica”. Nunca do “Buck Rogers no século 25” ou do “Espaço 1999”, porque as calças de boca-de-sino e as botas de tacão alto estão completamente fora de moda, e não acredito que possam voltar (vais morder a língua por isso, um dia, penso). A qualquer momento, serei chamado, e uma das portas deslizará para que eu entre, emitindo o som característico das portas dos filmes de ficção, aquele som de um suposto sistema pneumático de abertura e fecho. Estou entretido a imaginar estas coisas, para passar o tempo, quando uma das portas desliza, e dela saem duas freiras e um padre, nas suas habituais fardas de trabalho. É incrível como aquelas antigas e mais do que vistas fardas parecem tão espaciais. E uma das senhoras até é igualzinha ao Mr. Spock.
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Este texto é baseado numa história real passada e contada por um amigo.
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