sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Querido Pai, querida Mãe, então que tal?

Como está o pato? E o frango? E o vizinho? Aquele que tem um gatinho que tem um cão. O da conversa de merda, que decora as notícias dos jornais e das revistas e vem impingir tudo como se fosse de sua autoria canina. Recordo agora uma boga que uma vez vi no rio, e afinal não era uma boga, mas um cócó. Um cócó, mas com classe. Bebia sempre o chá das 5 e fumava charutos, que afinal não eram charutos, mas as namoradas cócós. Está sempre no meu coração e nos meus sonhos. Ontem vi um filme. Antes de ontem, não. Nesse dia vi um sapo. Ia de avião. Fez-me adeus com a sua verde pata direita. Estou tão cansado. Faz, depois de amanhã, 11 anos, 3 meses e 7 dias que não faço nada. Estou muito cansado. Concorri a presidente da câmara. Um vizinho disse-me que tinha inteligência para isso. É uma raposa laranja que me diz que se usar um determinado detergente, estou a ser esperto. Epá! Lembrei-me agora que vocês já morreram. Para onde mando a carta? Ah! Claro! Já sei. Mando para o Pai Natal, ele entrega-vos depois. Porque foi que deixaram de me escrever? Não percebo. Não sentem a minha falta? Fiz-vos algum mal? Sei que estão bem porque o meu vizinho António de Oliveira Salazar costuma ir para esses lados e me vai dando notícias. Costumo encontrá-lo, à noite, nas escadas do prédio. Às vezes também anda lá por casa. Não sei como entra, e isso irrita-me, mas é boa pessoa. Só precisa de companhia. Bem, tenho de terminar. Não paguei a conta dos CTT e vão desligar-me as cartas, mais tarde ou mais cedo. Além disso, a minha esposa deve estar a chegar do trabalho e das compras no supermercado e tem de lavar a roupa, a loiça, varrer o chão, limpar o pó e fazer o jantar, e não gosta de me ver em pijama a esta hora. Digam qualquer coisa. Váaaaaa láaaaaaaaa! Beijos grandes e fofos.

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