No outro dia, ia eu pela rua a pensar na declaração anual do IVA e nos novos mínimos da Euribor, quando inspirei e senti um cheirinho a bufa. Não um cheirinho a bufa qualquer, mas sim um cheirinho agradável a bufa, daquelas que são fabricadas à moda antiga, com muita couve portuguesa e carne de porco frita.
Inspirei durante muitos segundos, diria mesmo que durante aproximadamente um minuto, enquanto aquele fabuloso cheiro intestinal durou. E, não pude deixar de recordar o meu tio Armando e aqueles Natais na casa dele lá na terra: aquelas noites frias de consoada que logo se tornavam quentes quando ele se bufava. Eram momentos de grande jubilo, principalmente para a rapaziada, que entre gargalhadas e risadas, logo se metia a imitá-lo, mas... não havia bufa que chegasse aos calcanhares da sua, com o seu sempre característico cheiro a couve do cozido que a minha avó Luísa tão bem fazia.
Hoje, depois de ter inalado tão profundamente este cheiro a bufa na rua e do mesmo me ter feito recordar o meu tio Armando, pensei com os meus botões: terá sido gente ou terá sido um sinal de que o meu tio, mesmo depois de morto, me acompanha por perto?
Beijinho grande tio Armando, onde quer que te andes a bufar.
Beijinho grande tio Armando, onde quer que te andes a bufar.
Sem comentários:
Enviar um comentário