Bob, o Destruidor

Mamã, tive um dia de trabalho mesmo mauzinho. Não é que o Carlitos levou o pai para o Jardim-de-Infância? Como hoje havia greve de professores, o pai dele ficou sem nada para fazer, e o Carlitos levou-o com ele para o trabalho. Que seca! Tivemos de o gramar o dia inteiro, só porque a avó do Carlitos não pôde ficar com o pai dele. Tinha uma consulta ou assim. O tipo não se calou o dia inteiro. O Carlitos deu-lhe um jogo para fazer, e uns lápis e umas folhas, mas ele não queria. Fez birra e tudo. Só se calou quando o Carlitos o pôs ao computador a fazer um jogo interactivo que falava com ele. Foi horrível. O dia todo a ouvir o computador, com a voz do Paulo Portas, a dizer coisas do género: “Sabias que os cavalos dormem de pé?”; “Sabias que a palavra dinossauro foi inventada pelo blábláblá…”; “Sabes filho, a mamã vai ter um bebé.” E o senhor deve ser meio surdo, porque passou o dia a gritar, a repetir o que o computador dizia, e o som do computador estava altíssimo. E o Carlitos não pôde brincar nada de jeito o dia inteiro, porque estava sempre a ajudar o pai. Não pudemos brincar decentemente o dia inteiro. Se um dia fizeres greve, vê se a avó pode ficar contigo, porque não te quero levar comigo. O jardim-de-infância não é lugar para adultos. É uma falta de respeito para com os colegas. Agora, queres que veja o Bob, o Construtor, contigo? Parece que, hoje, ele vai deitar abaixo uma floresta para construir o seu novo estaleiro. E vai reciclar a madeira a seguir.